Um toque da Terra Média no meu lar

Nunca pensei que um dia eu olharia para um vaso na varanda e sorriria como quem reencontra um velho amigo da infância. Mas foi exatamente isso que aconteceu depois que decidi transformar minha paixão por O Senhor dos Anéis em algo que fizesse parte da minha casa — e mais especificamente, do meu cantinho verde.

Sempre amei plantas, e sempre amei Tolkien. Mas durante muito tempo essas duas paixões ficaram separadas: uma vivia nas minhas leituras de fim de semana, e a outra, nos vasinhos espalhados pela sala. Até que um dia, olhando para a varanda vazia do apartamento, senti que ela merecia algo com mais alma. Algo que fosse só meu, que contasse uma história — ou várias, como os anéis, as florestas élficas e os mapas antigos que ainda guardo com carinho.

Foi assim que nasceu a ideia: por que não criar um espaço que misturasse natureza com fantasia? Que tivesse verde, sim, mas também memória, emoção, e aquele toque de magia que faz o coração bater mais forte? A partir dali, tudo mudou. E um vaso grande, cheio de significado, acabou se tornando o centro do meu pequeno cenário — uma homenagem viva à Terra Média, ali mesmo, na entrada da varanda.

 

O Livro que Sempre Caminha Comigo

Tem livros que a gente lê. E tem livros que caminham com a gente. O Senhor dos Anéis é esse tipo de livro pra mim. Não importa quantos anos passem ou quantas vezes eu volte às páginas — sempre parece a primeira vez. O coração acelera quando Frodo encontra Gandalf, os olhos marejam nas despedidas, e o peito se enche de coragem quando os pequenos enfrentam o impossível.

Mas não é só a aventura que me encanta. É a sensação de pertencimento. A beleza das descrições, os cenários cheios de alma, os diálogos que falam sobre esperança mesmo nos tempos mais sombrios. Tolkien criou um mundo onde a bondade simples é uma força poderosa. E isso me marcou.

Durante anos, guardei essa história com carinho em prateleiras e lembranças. Até perceber que eu podia trazê-la para perto de outro jeito — incorporando um pedacinho da Terra Média nos meus dias. O vaso, as plantas, a varanda… tudo isso virou uma ponte entre o real e o que me inspira.

E o mais bonito? Toda vez que alguém visita meu cantinho e pergunta “de onde veio essa ideia?”, eu sorrio e respondo: “De um livro que mora comigo há anos.” Porque é isso que a literatura faz: transforma nossos espaços internos e externos com a mesma delicadeza com que transforma a alma.

Inclusive faço esse convite para você, que está acompanhando essa história aqui comigo. Eu mesma só li esse livro muitos anos depois de assistir muitas e muitas vezes a adaptação para o cinema. Eu amo o filme, e achava que não gostaria do livro (não sei o que se passava na minha cabeça!). Então se.você, assim como eu, gosta do filme e nunca leu o livro, apenas leia! E claro, depois me conta o que você achou!

A varanda pequena virou cenário

A varanda aqui de casa nunca foi grande. Cabe uma cadeira, dois vasos e, com boa vontade, um banquinho de apoio. Mas foi justamente esse limite que me desafiou a criar algo especial — um espaço que, mesmo pequeno, tivesse presença. Que contasse uma história logo de cara, sem precisar de muito.

Quando decidi unir meu amor por plantas com meu encantamento por O Senhor dos Anéis, o cenário começou a se formar na cabeça como uma cena de filme: a luz suave atravessando as folhas, o vento balançando as trepadeiras, e ali no centro… um vaso grande, com textura de pedra antiga, quase como se tivesse sido esculpido em Valfenda.

Esse vaso virou o ponto focal da varanda — não só pela estética, mas pelo que ele representa. Misturei elementos inspirados nas florestas élficas e nos jardins do Condado, com plantas que pudessem viver bem mesmo com pouca luz direta. E, de repente, o espaço deixou de ser só funcional e virou poético.

Era como se a varanda, antes esquecida, tivesse sido despertada. Ela passou a ter propósito, emoção, e um pouco da minha essência espalhada por cada detalhe. E o mais curioso é que, mesmo quem não conhece Tolkien, sente que há algo diferente ali. Algo que convida a respirar mais devagar e olhar com mais atenção.

O vaso inspirado em Tolkien

O vaso que usei já morava aqui em casa há um bom tempo, mas até então, passava despercebido. Tinha potencial, mas faltava alma. E foi numa tarde dessas, com pincel na mão e a trilha sonora de O Senhor dos Anéis tocando baixinho, que resolvi transformar ele em algo digno da Terra Média.

Comecei pintando tudo com uma base prata, dando um efeito levemente envelhecido — daquelas que lembram aço élfico recém-forjado. Depois, fiz uma camada por cima com tinta branca, criando arcos delicados que imitam a arquitetura de Valfenda: curvos, simétricos e cheios de leveza. Pra finalizar, dei um efeito envelhecido nas bordas, deixando o vaso com cara de arte antiga, como se tivesse sido esculpido há séculos por mãos élficas.

A composição de plantas também foi pensada como se eu estivesse montando um pedacinho do jardim de Elrond: coloquei uma samambaia bem leve e pendente, que desce como uma cortina de folhas; juntei com uma jiboia para dar movimento; e uma peperômia de folhas pequenas, só pra trazer delicadeza nos detalhes. O verde mais escuro contrastando com os arcos brancos criou exatamente o efeito que eu imaginava — um portal vivo para outro mundo.

E pra selar a magia, espalhei luzes de fada entre as folhas. Aquelas microlâmpadas que quase somem de tão discretas, mas que, à noite, acendem como se o próprio Frodo estivesse prestes a passar por ali. A iluminação suave entre o verde e os desenhos brancos deu um brilho sutil, encantado — o tipo de coisa que a gente não explica, só sente.

Não é só decoração, é memória afetiva

Esse vaso, agora todo prateado e com seus arcos élficos desenhados à mão, não é só um objeto bonito na varanda. Ele conta uma história — e, de alguma forma, conta a minha também.

Cada pincelada foi mais do que uma escolha estética. Foi um gesto de carinho por algo que me acompanhou a vida toda. O Senhor dos Anéis não é só um livro que eu li ou um filme que assisti. É parte do meu imaginário, das conversas com amigos, das fases em que precisei acreditar que coragem também pode morar nos pequenos.

Transformar essa memória em algo visível, que agora faz parte da minha casa, foi uma maneira de deixar esse sentimento vivo. Não escondido em prateleiras, mas à vista. Misturado às plantas, à luz suave e ao ar que entra pela janela.

É isso que eu mais amo quando crio cantinhos assim: eles não são só sobre beleza. São sobre identidade. Sobre se cercar do que faz sentido, do que acalma, do que te lembra de quem você é. Esse vaso me olha de volta todos os dias — e sempre parece sussurrar que a vida pode, sim, ter magia nos detalhes.

Estilo e liberdade: um jardim com personalidade

Quando finalizei o vaso inspirado em Tolkien e ajeitei as plantas ao redor, percebi que, de algum jeito, tudo fazia sentido. A varanda pequena, que antes era só um cantinho neutro da casa, agora parecia parte de um cenário — não exatamente uma floresta encantada, mas algo que flutuava entre o real e o imaginário, do jeitinho que eu gosto.

A graça foi justamente essa: não tentei seguir uma regra de estilo. Só fui deixando o espaço me guiar. A cadeira de madeira já estava ali, o tapetinho natural no chão ajudou a aquecer o visual, e os vasos menores completaram o clima com suas folhagens tímidas. Tudo isso se alinhou com o vaso principal, que agora carrega esse ar de relíquia mágica, e com as luzes de fada que dão um toque quase cinematográfico quando a noite cai.

Misturar fantasia com vida real, sem perder o bom gosto, virou o meu norte. Não queria que ficasse caricato, nem com cara de cenário temático. Queria que fosse bonito, com personalidade, e com aquele brilho nos olhos que só a gente sente quando olha pra algo e pensa: isso aqui tem a minha alma.

E foi exatamente isso que aconteceu. Agora, a varanda não é só uma varanda. É um cantinho meu, que parece ter saído de uma página, mas que pulsa no presente — com verde, textura, história e liberdade criativa.

 

Dicas para Criar um Cantinho com a Sua História

Se você também sente vontade de colocar um pouco das suas paixões na decoração — seja um livro, um filme, uma lembrança da infância — saiba que não precisa de muito. O segredo está em começar pequeno, mas com verdade. Aqui vão algumas ideias que funcionaram pra mim:

  • Escolha um tema que mexa com o coração. Pode ser um universo de fantasia, um autor que marcou sua vida ou até uma cena específica que nunca saiu da sua cabeça.
  • Busque elementos simbólicos. No meu caso, os arcos élficos e a textura prateada do vaso remetem a Valfenda. Pense: quais formas, cores ou materiais te conectam com a história que você quer contar?
  • Use o que você já tem. Muitas vezes, o que falta é só um novo olhar. O vaso prateado já estava aqui. A samambaia também. Só precisei dar a eles um novo papel na cena.
  • Trilha sonora ajuda a criar o clima. Sim, eu pintei ouvindo a trilha de Howard Shore. Parece detalhe, mas muda tudo.
  • Misture com plantas que você ama. Não precisa copiar um jardim inteiro. Só precisa que ele tenha vida e que te represente.
  • Luzes sempre funcionam. As luzes de fada trouxeram um toque mágico que só se revela à noite — quase como um segredo entre o espaço e quem o habita.

Acima de tudo, permita-se criar sem se prender a fórmulas. Seu cantinho pode ser o que você quiser: um santuário, um tributo, um pedaço do seu imaginário. E mesmo que ninguém mais entenda de primeira, tudo bem. Basta que você sinta.

Pronta(o) para plantar seu jardim?

Se tem uma coisa que aprendi criando esse cantinho é que nosso jardim — mesmo que vertical, pequeno ou com pouca luz — pode (e deve!) ser um reflexo das coisas que a gente ama. Pode carregar memórias, paixões, histórias. Pode ser muito mais do que bonito: pode ser íntimo, único, cheio de significado.

Transformar minha paixão por O Senhor dos Anéis em um vaso especial foi só o começo. Já estou com planos para criar outros pequenos mundos temáticos: talvez um com inspiração em Hogwarts, outro com cara de floresta encantada… Tudo com o que eu já tenho em casa, reaproveitando, reinventando e deixando o coração guiar. Minha família já está trabalhando em uma lista de desejos, e o plano é fazer os vasos juntos!

Porque, no fim das contas, decorar com o que te move é a forma mais bonita de morar dentro de si.

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